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Ana Carolina Souza

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Neurocientista e sócia da Nêmesis, empresa de educação corporativa na área de neurociência organizacional
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Motivação é essencial para a mudança de hábitos – e ela depende do seu propósito

Definir um objetivo de vida não é fácil. Para fazê-lo, é importante investir em autoconhecimento. Confira algumas estratégias para isso.

Por Ana Carolina Souza, colunista de VOCÊ RH
Atualizado em 29 ago 2024, 16h39 - Publicado em 28 fev 2024, 22h00
Fotografia de uma miniatura de um homem subindo degraus de madeira.
 (Wong Yu Liang/Getty Images/Reprodução)
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Toda mudança depende da criação de novos hábitos; da construção e do fortalecimento de novas conexões no cérebro. Tudo isso consome muita energia, o que é exatamente o contrário do que o cérebro gostaria de fazer. Como, então, facilitar esse processo? 

O X da questão reside em nosso profundo desconhecimento a respeito da influência da motivação no comportamento humano. Os sistemas motivacionais, responsáveis por nossos impulsos e respostas emocionais, evoluíram ao longo de milhares de anos com um objetivo principal: garantir a sobrevivência, nos aproximando daquilo que é favorável à vida e nos afastando de ameaças. Eles influenciam, então, processos críticos como a atenção e a tomada de decisão, além da memória. 

Na perspectiva da neurociência, a motivação é uma força motriz que determina o que fazemos ou deixamos de fazer. E é por isso que deveríamos dar mais importância a ela quando falamos em gestão de mudanças. 

Por que a motivação influencia a mudança de hábitos

Motivação não tem a ver com força de vontade ou conhecimento. Uma pessoa pode querer muito implementar determinada mudança em sua rotina, saber como fazê-lo e, ainda assim, não ser capaz disso. A motivação está associada à liberação de dopamina no cérebro. Este processo desencadeia uma série de alterações fisiológicas e motoras, que te permitem se movimentar a favor do que deseja.

Podemos dizer que a motivação influencia a gestão de mudanças de duas formas: (1) a partir da atribuição de significado e (2) a partir de recompensas. Nestes cenários, a motivação promove um engajamento de longo ou curto prazo, respectivamente.

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As práticas que favorecem a motivação de curto prazo têm sido mais discutidas, e elas incluem cultura de feedback, suporte social e celebração de pequenas vitórias. Mas de nada adianta ir em direção a um futuro sem sentido. Para que essas ações ganhem relevância é fundamental estarmos cientes dos nossos objetivos. 

Aí entram estratégias que favorecem o engajamento de longo prazo: estabelecer uma visão de futuro, um propósito, um objetivo de vida… Isso nos ajuda a ter um norte, a enxergar um futuro tão relevante e significativo que vale a pena o esforço para alcançá-lo. Mas definir uma visão de futuro pode ser mais difícil do que parece. 

O que você realmente busca?

Quais são seus desejos? O que você tem em comum com sua equipe ou empresa? A verdadeira motivação apresenta respostas que “vêm de dentro”. Digamos que você promete que irá começar a se exercitar este ano. Mas você tomou esta decisão baseado em seus próprios desejos ou em cobranças e expectativas externas?

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Para responder, é necessário investir no autoconhecimento: pensar sobre por que você deseja algo, refletir sobre seus valores e identificar um propósito, por exemplo. Um exercício que gosto envolve a criação de um futuro utópico. Escreva duas páginas respondendo à seguinte pergunta: se sua vida fosse perfeita, como ela seria? Descreva sua rotina, com quem você convive, com o que trabalha e como é sua casa. Não poupe os detalhes e, após escrever, leia tudo com atenção. 

O que parece ser mais importante? Sua carreira, família, amigos? Viajar pelo mundo, aprender coisas novas? Aí estão as pistas do que realmente te motiva. Então, pense como pode associar suas metas de ano novo ou seu plano de desenvolvimento profissional com aquilo que você mais deseja.

Ainda é importante considerar que esta visão de futuro esteja associada a uma motivação positiva: estudos indicam que metas relacionadas a alcançar ou manter algo são mais eficientes do que as relacionadas ao desejo de evitar algo. Então, mãos à obra. Lembre-se: sempre é tempo de começar. 

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Observe, reflita e experimente coisas novas, mantendo-se sempre atento às suas emoções. Quanto mais você souber sobre o que te desencadeia respostas emocionais positivas e negativas, mais fácil será criar metas e tomar decisões que favoreçam saúde e performance, dentro e fora do ambiente de trabalho.

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