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Isis Borge

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Executive Director Talenses & Managing Partner Talenses Group
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É melhor permanecer na mesma empresa ou mudar de tempos em tempos?

Longa ou curta permanência: a preocupação maior do profissional deve ser cumprir ciclos nas organizações pelas quais passa

Por Isis Borge, colunista de VOCÊ RH
Atualizado em 7 dez 2021, 10h48 - Publicado em 26 nov 2021, 07h00
Imagem mostra uma mesa de trabalho de madeira. Sobre ela, uma pessoa mexe no mouse do computador e, na mesma mão, segura uma caneta.
 (Pexels/Vojtech Okenka/Divulgação)
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No dia a dia como headhunter, é muito comum as pessoas perguntarem o que é melhor: ficar muitos anos em uma mesma empresa ou mudar de companhia de tempos em tempos. A resposta para essa pergunta é: depende! Digo isso porque acredito que a preocupação maior do profissional deve ser cumprir ciclos nas organizações pelas quais passa.

A curta permanência deve ser justificável

Passagens meteóricas, ao meu ver, não são boas nem para o profissional, nem para a empresa que o contratou. Mas, ao mesmo tempo, é importante sempre avaliar o contexto da situação. Às vezes, a passagem é rápida porque o profissional não se identificou com a organização, a gestão, a equipe ou a cultura interna. E, nesses casos, o melhor é mesmo buscar outro rumo, antes que a situação fique insustentável e, consequentemente, as entregas sejam abaladas juntamente com a reputação do colaborador.

Sair de forma planejada é fundamental

Com exceção desses casos, minha recomendação é que os profissionais deem preferência para se abrir para o mercado quando sentem falta de novos desafios e acreditam que o ciclo naquela função já terminou. Ainda assim, é muito importante que essa saída seja planejada e esteja alinhada a objetivos maiores de carreira do que simplesmente, por exemplo, uma remuneração superior.

Nessa saída, um cuidado importante é avaliar com atenção as oportunidades que surgirem. Aqui, além de considerar remuneração e benefícios, é fundamental checar se os pontos de desagrado da atual organização têm chance de se manifestar também na empresa para a qual você pleiteia ir. Esse cuidado evita que você troque seis por meia dúzia.

Fincar raízes não precisa significar estagnação

Aos que se sentem confortáveis em ficar durante muitos anos em uma mesma empresa, o cuidado deve ser buscar evolução na carreira ao longo dos anos. Ficar estagnado na mesma função por muitos anos não faz bem tanto para a motivação do profissional quanto para a imagem dessa pessoa diante do atual ou potencial empregador.

Não há problemas em fincar raízes em uma empresa desde que, a cada dois ou três anos, o profissional experimente alguma nova experiência com relação a novos cargos, novos projetos ou novas atribuições. Esse é o melhor dos cenários e, como eu disse, não se trata, necessariamente, de promoções verticais. Vale, também, mudanças de atribuições laterais que deixem o profissional mais completo.

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Acredito muito que, se a pessoa se identifica com a empresa, se sente desafiada e, de tempos em tempos, é exposta a algum aprendizado novo dentro da mesma organização, não existe uma razão para querer mudar. Aos olhos do mercado, muitas vezes, as mudanças internas são como se a pessoa tivesse passado por diversas empresas diferentes ao

longo do tempo.

No lugar de se penalizar p

elo que saiu do planejado, foque a energia em soluções

Nesse momento de pandemia que vivenciamos, tenho tido reuniões com diversos profissionais que passaram muitos anos na mesma empresa e se viram desempregados nas reduções de estruturas que ocorreram em alguns setores mais afetados pela conjuntura de mercado. É comum eu me deparar com pessoas se penalizando por acharem que deveriam ter olhado o mercado antes, se movimentado antes da demissão. Eu sempre as estimulo a ter um olhar mais gentil para a situação. Muitas vezes são pessoas que construíram legados nas organizações pelas quais passaram e estavam felizes nesses desafios.

Nunca descuide do networking

Ainda que você esteja muito bem empregado, feliz e realizado em uma empresa, nunca se esqueça de manter o networking ativo. Tenha você um ciclo longo ou curto dentro de uma companhia, com um networking bem trabalhado terá mais chances de se recolocar em um espaço de tempo menor.

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Conheça-se

O mais importante nessa história toda, principalmente com relação às pessoas que ficam muito tempo em uma organização, é ter bastante clareza das próprias habilidades, paixões e aptidões e também do que mais valoriza em uma oportunidade de trabalho. Assim, seja em um momento de se recolocar, seja para se movimentar, será mais fácil fazer escolhas ou procurar a vaga nos lugares certos. Em situações de desemprego ou de muita insatisfação no atual emprego, é comum o desespero fazer com que a pessoa aceite a primeira oportunidade sem uma avaliação mais criteriosa. Existem também algumas situações em que, traumatizada por uma demissão, a pessoa resiste a se apegar à nova organização, o que pode levá-la a acumular uma sequência de ciclos muito curtos, passando por duas ou três empresas até parar para pensar o que de fato ele quer fazer e onde.

Tenha consciência das suas realizações

Em um processo de seleção, o que recrutadores e futuros gestores, de forma geral, vão olhar são as entregas que o candidato conseguiu realizar no período em que ficou em determinada organização e isso se consegue checar com facilidade por meio de referências. Pelo networking, o profissional responsável pelo recrutamento sempre conhece alguém da organização pela qual o profissional em questão passou. Geralmente, vários contatos são feitos para checar se as histórias batem, se o profissional pulou do barco antes do tempo ou se o ciclo foi positivo. O que for dito sobre o profissional pode ser decisivo em uma nova contratação.

Mudar de emprego por mudar pode fechar portas no mercado de trabalho

Quando temos uma ou duas passagens mais curtas, bem explicadas e que conferem também os discursos das pessoas de referência, é mais fácil para o candidato ser contratado. Ao passo que, quando se trata de uma pessoa que a cada ano muda de emprego, chega um determinado momento em que as portas no mercado começam a se fechar. Isso acontece porque é difícil para uma empresa contratar uma pessoa que vai levar alguns meses para se ambientar e estar de fato treinada na nova função quando se tem um histórico de curta permanência nos empregos. A aposta costuma ser em profissionais que se mostram confortáveis de cumprirem ciclos mais completos.

Cinco alertas finais

Enquanto escrevia esse texto, pensei em cinco alertas que eu gostaria de deixar reforçado para vocês:

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  1. Mantenha o networking ativo sempre, independentemente de você estar bem empregado ou não. Fazer networking só no momento de necessidade é um grande erro, que transmite a imagem de uma pessoa interesseira, sem contar que esses contatos apenas pontuais costumam ser mais superficiais. O networking não ajuda só em uma recolocação, ele é fundamental para toda a carreira em si, com conexões que podem te ajudar no dia a dia de diversas formas.
  2. Não se penalize se você ficou um tempo longo em uma empresa, porque, de uma forma geral, as organizações preferem pessoas com ciclos longos, se comparado àquelas com passagens muito curtas. Eu diria que essa situação é mais uma vantagem do que uma desvantagem, com toda certeza.
  3. Planeje as suas decisões, ou seja, quando for olhar o mercado, saiba identificar com clareza as razões que te fazem querer sair. Com isso em mente fica mais fácil fazer escolhas certas com relação à nova oportunidade.
  4. Pesquise muito a nova organização antes de aceitar uma oferta de trabalho. Analise o momento da empresa e do setor, as atribuições do cargo, o perfil da liderança, a cultura e os valores da companhia. Se possível, converse com alguém que já trabalhou na organização. Isso vai minimizar as chances de uma decisão precipitada.
  5. Cada carreira é única e isso quer dizer que não existe certo e errado aqui. Muitas vezes é melhor arriscar mudar e ver no que vai dar do que ficar onde se está apenas por receio do novo.

Recentemente, li um texto que fez muito sentido para mim e, por isso, compartilho aqui na coluna porque acredito que tenha relação com o tema que estamos tratando: “Somos assim. Sonhamos o voo, mas tememos a altura. Para voar é preciso ter coragem para enfrentar o terror do vazio. Porque é só no vazio que o voo acontece. O vazio é o espaço da liberdade, da ausência de certezas. Mas é isso que tememos: o não ter certeza. Por isso trocamos o voo por gaiolas. As gaiolas são o lugar onde as certezas moram”, de Rubem Alves, em uma interpretação de “O Grande Inquisitor”, poema idealizado pelo personagem Ivan Karamázov em “Os irmãos Karamazov” de Fiódor Dostoiévski.

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