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João Roncati

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João Roncati é especialista em mudança organizacional, cultura e estratégia e CEO da consultoria People+Strategy
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Os três espaços de atuação para a liderança efetiva

Um gestor deve gerir a si mesmo, administrar uma equipe e representar uma instituição. Tudo ao mesmo tempo. Saiba como.

Por João Roncati, colunista de VOCÊ RH
Atualizado em 11 jul 2023, 10h58 - Publicado em 10 jul 2023, 17h08
Uma mulher está em um ambiente corporativo, perto de uma porta de vidro. Ela está observando algo longe
 (Pixabay/phmaxiestevez/Divulgação)
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A

ideia do exercício de liderança é algo que tem atravessado décadas – talvez séculos. Muitos pesquisadores e centros de pesquisa, em diversas universidades de prestígio, buscam compreender sua origem e formas de desenvolvimento. Foi o caso de Ram Charan, consultor de empresas, palestrante e escritor nascido em Uttar Pradesh, na Índia.

O estudioso desenvolveu um modelo bastante interessante de liderança, que fala da necessidade do gestor de atuar em três esferas. São elas: como líder de si mesmo, como líder de equipe e como líder de negócios. Para amplificar o modelo apresentado por Charan, acredito que seja preciso buscar o equilíbrio em três espaços de atuação vitais.

  • Do indivíduo 

É preciso conseguir gerar valor a partir do equilíbrio das demandas internas e externas. Baseado em valores sólidos, a busca por isso poderá ser determinante para fixar bases do equilíbrio emocional e psicológico de uma vida pessoal e profissional saudável. Sem a capacidade de buscar este equilíbrio, o líder não conseguirá gerar o valor que ele declara, impedindo os outros dois papéis. 

  • Do membro de uma equipe
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Os profissionais são demandados para integrar um grupo de trabalho, de projeto, uma squad. Isso exige disposição para a comunicação, o compartilhamento e a cooperação. Um líder, atualmente, precisa despir-se do sedutor status e conseguir um exercício de saber mudar de posição rápida e continuamente. Estar junto, ombreando os outros do time, e estar à frente, inspirando e desenhando caminhos.

  • Do representante institucional

Cada vez que uma opinião é expressa, um posicionamento é reconhecido. Aqueles que o seguem ou o têm como referência verão ali a opinião da organização, e não de um indivíduo isolado. E não se trata de um erro: um gestor que lidera é desafiado a ser um representante qualificado da organização que o acolhe e escolhe, como interlocutor dos grupos que ele precisa mobilizar. 

Definição 

A definição para a liderança que uso é simples e pragmática. Ela é o desejo e a capacidade de mobilizar pessoas para desafios na busca de resultados superiores. A qualquer tempo, em qualquer lugar, em todos os contextos. 

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Em primeiro lugar, a liderança não se define a partir de juízo de valor sobre o seu exercício ou sobre os seus resultados. É difícil, mas necessário, considerá-la sem julgamento para compreender sua gênese e até a sua legitimação por grupos sociais. Isso já foi compreendido por muitos estudiosos do tema, mas é absolutamente necessário ressaltar e demonstrar para aqueles que se iniciam no tema.

Em nossa história, conhecemos grandes líderes que cometeram crimes em larga escala. Por este motivo, surgem abordagens para separar o joio do trigo. Pipocam definições como a da liderança positiva. Genericamente falando, é aquela em que os resultados do exercício de mobilização de pessoas trouxe ou traz resultados positivos, desejáveis e construtivos para um grupo ou para toda a sociedade. Acomoda-se assim a nossa necessidade de qualificar a liderança sob a questão dos valores e, mais, declarar que apoiamos o surgimento ou desenvolvimento, desde que esta capacidade seja “bem usada”.

É bem certo que se entrarmos a fundo em análises e debates, à luz das discussões que toda a nossa sociedade tem se envolvido sobre diversidade e inclusão, teremos que desconsiderar um bom conjunto de executivos e empreendedores, consagrados ao longo da história das corporações. Mas seria incentivar o revisionismo que tem acometido a nossa literatura, as artes e que mereceria uma discussão à parte.

Exercício cotidiano 

Insisto que liderar é, inicialmente, algo que alguém deseja e gosta de fazer. A partir da mobilização de seus próprios recursos, o indivíduo que quer liderar poderá buscar o aperfeiçoamento de capacidades que o permitirão exercitar em diferentes contextos ou culturas. 

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E alguém poderia questionar se liderar é uma capacidade inata. Pelo que tenho pesquisado, poucos autores de respeito arriscam ser tão categóricos ou absolutos.

Nota-se, no entanto, que o processo da formação da cultura individual, sedimentado dia após dia em todas as situações, exemplos, experiências vivenciadas são determinantes nesta capacidade. Raramente veremos alguém florescer, do dia para noite, como líder aos 40 anos de idade. O processo é longo e essa capacidade é cultivada e consolidada ao longo da vida.

Nós, seres humanos modernos, temos pressa. E produzimos sínteses, processos, programas de desenvolvimento. 

Nesse caminho, procuramos a conexão cotidiana e nos baseamos em muitos exemplos. E muitas vezes li o termo “a liderança se dá pela exemplaridade”. Ressalva:  entendo a intenção da formulação, mas é necessário corrigi-la. A liderança será sempre o ato de mobilizar. O que ocorre na exemplaridade é a inspiração que o líder gera e mantém com consistência entre o discurso e a prática. O teste de consistência para reconhecermos seus valores reais e não os declarados.

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O equilíbrio entre os três papéis possibilitará que este líder materialize e se responsabilize pela concretização e multiplicação dos princípios da cultura e do direcionamento da estratégia. 

Isso concretizará o seu papel mais nobre e duradouro e permitirá que ele consiga abandonar a segurança da autoridade de gestor. Ser um gestor, para um líder assim, é uma consequência da sua capacidade de mobilizar pessoas, construindo a estratégia, desenvolvendo a cultura.

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