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Larissa Santana

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Fundadora da escola de comunicação CALOR e pesquisadora do Grupo de Estudos em Comunicação e Criatividade nas Organizações da FGV.
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Pesquisa: 30% dos RHs brasileiros já usam IA. Veja principais usos

Trabalho operacional ganhou agilidade, mas falta ainda levar tecnologia para frentes estratégicas.

Por Larissa Santana, colunista da VOCÊ RH
Atualizado em 26 set 2024, 15h07 - Publicado em 23 set 2024, 11h53
Conceito de chatbot através de uma imagem gerada digitalmente em vermelho
 (Carol Yepes / Getty Images/Reprodução)
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A inteligência artificial já se tornou ferramenta do dia a dia para três de cada dez profissionais de RH no Brasil, e está ajudando a área a ganhar tempo, qualidade e conhecimento. O diagnóstico é da pesquisa “Transformação Digital do RH”, feita pela Think Work (plataforma de conhecimento sobre gestão de pessoas) e pela Flash. Os resultados sobre IA produzidos pelo estudo foram antecipados com exclusividade a esta coluna da Você RH.

A pesquisa entrevistou 303 profissionais de recursos humanos de todo o Brasil, com maior concentração no Sudeste (42%). Temos aqui um retrato principalmente de quem executa a estratégia: 78% dos participantes são analistas, assistentes, especialistas, trainees, estagiários e técnicos. Ou seja: apesar de líderes como gerentes, diretores e até presidentes também terem sido ouvidos, a maioria das respostas é de quem está na linha de frente – muitas vezes profissionais presos em processos burocráticos que há muito demandam inovação.

Para esse grupo, de acordo com o estudo, a IA está se tornando aliada. Os profissionais têm usado ferramentas principalmente para reunir, analisar e dar sentido a dados, como mostra o ranking abaixo:

Tarefas executadas pelo RH com IA

(% de respondentes que usam) 

  1. Coleta e análise de dados: 50%
  2. Análise de textos e áudios: 49%
  3. Criação de apresentações: 42%
  4. Criação de textos: 42%
  5. Atendimento aos funcionários: 33%
  6. Codificação e programação: 26%
  7. Recomendações preditivas e prescritivas: 24%
  8. Eliminação de vieses inconscientes: 20%
  9. Tomada de decisões: 11%

Curioso notar que as quatro tarefas mais citadas já têm mais de 40% de adesão dentro da amostra pesquisada. São atividades que hoje podem ser apoiadas inclusive por ferramentas online, algumas gratuitas – e elas se multiplicaram com o boom de popularização da Gen AI. “A inteligência artificial generativa levou essa evolução do RH, de uma forma geral, para outro nível”, diz Frederico Miranda, diretor de produto da Flash. “As pessoas começaram a discutir mais formas de usar tecnologia para atingir outros ganhos, que ainda não estavam ao alcance das tecnologias anteriores.” A própria Think Work registrou esse interesse em seu prêmio Innovations, concedido a inovações no RH. Na premiação, empresas inscrevem voluntariamente iniciativas, que depois são submetidas a um júri. Em 2022, apenas 0,3% dos projetos inscritos envolvia IA. Essa porcentagem subiu para 2% em 2023, e para 10% em 2024.

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Principais aplicações e resultados

Assim como no retrato do Innovations, a pesquisa “Transformação Digital no RH” mostrou que a aplicação dos projetos com IA está mais avançada nas frentes ligadas a conteúdo – seja para treinamento ou para relacionamento com os funcionários – e em processos com muitas etapas operacionais, como os de folha de pagamento e de recrutamento e seleção.

 Top 10 frentes de RH em que a IA está mais presente

(% de respondentes que usam) 

  1. Ensino e treinamento: 44%
  2. Comunicação: 43%
  3. Folha de pagamento: 42%
  4. Recrutamento e seleção: 42%
  5. Engajamento: 40%
  6. Gestão de ponto eletrônico: 38%
  7. Remuneração: 38%
  8. Gestão de escalas: 34%
  9. Inovação geral no RH: 33%
  10. Pesquisas de satisfação e feedback: 33%

 O Top 10 chama a atenção também pelo que ficou de fora. Os RHs ainda estão aproveitando pouco do poder da IA para áreas mais estratégicas para o negócio, como gestão do desempenho (23%), sucessão (18%) e people analytics (14%). Mas isso não quer dizer que essas frentes não estão sendo beneficiadas.

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Mais da metade dos entrevistados considera que ferramentas de inteligência artificial agilizam tarefas (61%) e liberam tempo para o que é mais estratégico (59%).

 Top 10 benefícios da IA

(% de respondentes que percebem o benefício) 

  1. Reduz tempo para executar tarefas: 61%
  2. Libera tempo para o estratégico: 59%
  3. Reduz custos: 49%
  4. Melhora a qualidade nas entregas: 43%
  5. Traz novos conhecimentos: 39%
  6. Permite tomar decisões mais rápidas: 32%
  7. Facilita convencer lideranças a investir em RH: 28%
  8. Melhora a imagem do RH como área estratégica: 26%
  9. Melhora a percepção de justiça nas decisões: 24%
  10. Antecipa situações e possibilita ações preventivas: 21%

Medo de perder o emprego

Apesar de todo o otimismo com a IA, 47% dos profissionais entrevistados pela pesquisa disseram ter medo de perder o emprego por causa da tecnologia. E esse medo foi apontado pelo estudo como principal desafio para adoção da tecnologia. 

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Fatores que limitam a adoção da IA no RH

(% de respondentes que percebem o fator como limitante) 

  1. Medo dos profissionais de perder o emprego: 47%  
  2. Custos para implementar: 33%
  3. Falta de cultura de tecnologia e dados: 33%
  4. Desconfiança de profissionais de outras áreas: 31%
  5. Falta de conhecimento dos profissionais de RH: 30%
  6. Dificuldade para integrar os sistemas: 20%
  7. Dificuldade para encontrar fornecedores: 14%
  8. Baixa percepção sobre a segurança: 14%
  9. Falta de dados confiáveis: 13%
  10. Falta de apoio do time de TI: 12%

A lista de principais fatores limitantes inclui ainda a falta de conhecimento sobre IA pelos RHs, apontado por 30% dos entrevistados – o que pode contribuir para a visão dos profissionais de que a tecnologia é uma concorrente, e não um apoio.

Reverter essa percepção depende de um movimento maior do que só acrescentar ferramentas ao dia a dia do RH. É preciso disseminar informação e investir em uma mudança profunda dentro das empresas. “Para existir a transformação digital do RH, antes é preciso haver uma transformação cultural, com o apoio da liderança”, diz Tatiana Sendin, fundadora e CEO da Think Work.

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A boa notícia é que os números gerais da pesquisa sugerem que o RH já está caminhando para isso. E que a IA tem estimulado processos mais eficientes de inovação, que nascem não só de pilotagens estruturadas, mas também da exploração individual de cada profissional. A vontade de superar obstáculos burocráticos para aproximar o RH de sua grande missão – desenvolver as pessoas nas organizações – está agora mais empoderada. E isso abre um horizonte muito positivo.

Perguntados se a IA ajuda o RH a ser mais estratégico hoje, em uma escala de 1 a 10, os entrevistados da pesquisa deram nota 8,1, na média. Para um cenário de três anos à nossa frente, deram uma nota maior: 8,7. O futuro, para os RHs, parece ser melhor com ajuda da IA. Mas esse futuro só chegará se não tivermos medo de experimentar, testar, fazer diferente – e construir uma aliança com a tecnologia capaz de trazer muitos benefícios para nós, humanos. 

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