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Rafael Souto

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CEO e fundador da Produtive, consultoria especializada em gestão e transição de carreira, e membro do conselho da Amcham.
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A ascensão do ESG eleva a régua de responsabilidade nas organizações

A dimensão social da sigla, que envolve promoção de direitos humanos, inclusão social e equidade, é a mais crítica para os profissionais de RH

Por Rafael Souto, colunista de Você RH
28 jul 2022, 08h17
Imagem mostra uma mão pintada de verde, sobre um fundo branco, segurando um broto de planta
 (Pexels/Alena Koval/Divulgação)
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O

s números envolvidos na sigla ESG mostram a força que a responsabilidade tomou nos investimentos e negócios em todo mundo. Até 2025, os ativos globais ESG devem ultrapassar US$ 53 trilhões, segundo estudo elaborado pela Bloomberg. De fato, nunca houve tanto interesse em investimento responsável, tornando essa agenda uma das tendências de negócios da década.

Manter altos padrões ESG, medindo sustentabilidade e impacto ético, reduz o perfil de risco da empresa.  Particularmente crítica para os profissionais de recursos humanos é a dimensão social da sigla ligada às questões de responsabilidade social e cidadania corporativa e que envolve promoção de direitos humanos, inclusão social e equidade no ambiente de trabalho e na sociedade.

O cuidado com a carreira dos indivíduos é parte desta agenda. Acolher, desenvolver e promover um ciclo de saída da organização responsável e humanizado são temas importantes do escopo social do ESG.

Se as rápidas transformações e a imprevisibilidade tornam a promessa de cargos impossível, as lideranças têm o papel de discutir e facilitar a construção de carreira de liderados, estimulando o protagonismo. As organizações precisam abandonar a cultura paternalista e adotar a cultura de diálogo e aconselhamento.

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Defendo que a área de recursos humanos da organização seja embaixadora dessa mentalidade. Nesse sentido, os RHs devem transmitir aos líderes a mensagem social do ESG. Cumprir o papel de líder como agente de transformação é uma agenda de desenvolvimento da sociedade, em última instância.

Um conceito intimamente ligado ao protagonismo e responsabilidade é o de accountability. A ideia de que é preciso se responsabilizar, prestar contas consciente do impacto individual no andamento de um projeto. Num futuro com a perspectiva crescente da atenção aos itens na pauta ESG, é de se esperar que a régua de accountability suba nas organizações.

Quanto mais altos os níveis de protagonismo, autonomia e empoderamento nas atividades de uma equipe, maior é a necessidade de accountability nas relações.  Especialista em cultura organizacional, a britânica Carolyn Taylor defende essa ideia e projeta a ascensão desse conceito nas culturas organizacionais, no livro “Accountability no Trabalho: Como Comprometer-se e Cumprir o Prometido e Conseguir que Outros Façam o Mesmo”.

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Protagonismo sem accountability é sinônimo de caos, afirma Carolyn. Ela estuda comportamento corporativo há mais de três décadas é também autora de um dos clássicos de liderança, o livro “Walking the Talk – A Cultura Através do Exemplo” e preside a consultoria Walking The Talk, e tem Google, AXA, Vodafone e Sanofi estão entre seus clientes.

O processo, no entanto, não é individual, segundo a especialista. Você não pode ser accountable por si mesmo e, sim, em relação ao outro, a alguém que solicita que você faça algo. Está presente nas relações entre colegas da equipe, clientes e fornecedores, líderes e liderados. A relevância da liderança nessa engrenagem é altíssima. Líderes dão a estrutura por onde serão feitos os pedidos e as entregas, afirma Carolyn.

A crescente implementação de modelos mais flexíveis de trabalho dá ainda mais força a essa ideia de confiança nas relações de trabalho. Mais do que uma ferramenta conceitual de gestão, responsabilidade e protagonismo devem permear toda a cultura organizacional. É esse o caminho para que os modelos de comando e controle saiam definitivamente de cena, ao menos no que diz respeito aos assuntos de carreira e desenvolvimento.

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