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Vívian Rio Stella

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Doutora em Linguística pela Unicamp. Idealizadora, curadora e professora da VRS Academy, pesquisa e desenvolve trabalhos voltados à lifelong learning
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Em tempos de incertezas, comunique

Assim como em março de 2020, desencontros de informação, incertezas e (re)readaptações voltaram com a Ômicron

Por Vivian Rio Stella, colunista de Você RH
2 fev 2022, 07h00
Duas mulheres estão sentadas. Na mesa, que está em frente a elas, estão cadernos abertos. As duas conversam enquanto uma delas faz gestos com a mão
 (Pexels/Tirachard Kumtanom/Divulgação)
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e repente, não mais que de repente, a variante Ômicron mostrou a que veio. De repente, não mais que de repente, mudou-se todo o plano cuidadosamente desenhado e comunicado de trabalho presencial ou híbrido. E vivenciamos algo já visto em março de 2020, em pleno janeiro de 2022: desencontros de informação, incertezas e (re)readaptações.

Claro que, em meio a um turbilhão de decisões, das mais previsíveis às menos, parece que comunicar é a última coisa a ser feita, pois requer tempo de preparação, escolha de porta-voz, composição das palavras que dão o tom do texto falado ou escrito, cuidado no canal a ser veiculada a mensagem.  Entre parar, elaborar e informar, muitas empresas e a liderança decidem esperar, deixar a comunicação para depois, quando tudo estiver mais definido.

Enquanto isso, o pai que já tinha acertado com a escola que os filhos passariam a ficar em período integral, por não estar mais em home-office, fica sem saber o que fazer. A líder que tinha se preparado para passar três horas diárias no trânsito para chegar ao trabalho já não sabe se sente alívio ou insegurança, por sentir que a proximidade física do time facilitaria a interação e a entrega do novo projeto. A diretoria não sabe se inicia no próximo mês ou aguarda mais alguns meses para implementar a nova ferramenta de gestão, agora que o retorno ao escritório está em dúvida.

Esses são alguns dos milhares de exemplos de como os silêncios e a ausência de informação geram incertezas, especulação e desmotivação, afetando, diretamente, a vida das pessoas e da organização como um todo. Justamente por afetar todo mundo de alguma forma, deixar para depois, não tratar do assunto e postergar o anúncio de uma mudança podem ser fatais para a segurança psicológica e o engajamento das pessoas – dois pontos extremamente valiosos.

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E esse cenário de postergar ao máximo ou não comunicar o que está acontecendo, em meio a muitas decisões, não ocorre apenas diante da pandemia que enfrentamos. Mudanças de processos, de sistema, de metas, de formas de avaliação e remuneração, de liderança e até de promoção ou demissão de alguém da equipe evidenciam como o fluxo de comunicação nem sempre é tratado com o cuidado e feito com a agilidade que merece.

Por isso, é fundamental manter a comunicação constante, criar rituais e canais que possam trazer mais proximidade e propiciar transparência e, acima de tudo, ter coragem e prontidão para escrever ou dizer “ainda estamos decidindo”, “aguardaremos até que…”, “diante dos últimos acontecimentos, mudamos o plano de retorno”, “a decisão se baseou nos seguintes critérios”, “sinto tanto quanto vocês o efeito de…”, com a compaixão que esses momentos de pandemia ou de mudanças significativas pedem.

De repente, não mais que de repente, as palavras abrem mais caminhos e conexão do que os silêncios barulhentos gerados pela ausência de informação. De repente, não mais que de repente, a comunicação passa a ser a principal aliada, e não o principal problema (como costuma ser injustamente acusada), nesses momentos de incerteza e mudança.

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Boas comunicações em 2022!

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