Oito em cada dez pessoas trabalham com alguém “terrível”
Dividir o escritório com alguém difícil de lidar reduz a performance e o comprometimento, além de aumentar o estresse. Veja como lidar com esse problema.

Segundo uma pesquisa da ResumeLab, 80% dos profissionais têm pelo menos um colega que consideram “terrível”. Para um número ainda maior de entrevistados (83%), trabalhar com pessoas difíceis impacta negativamente seu próprio desempenho.
Outro estudo, publicado na Harvard Business Review, mostra que dividir o escritório com alguém difícil de lidar pode reduzir a performance, a criatividade, a inovação e o comprometimento, além de aumentar o estresse e impactar negativamente a saúde física e mental.
Mas o que torna alguém “difícil”?
Maria Eduarda Silveira, sócia-fundadora da consultoria Bold HRO, assistiu à palestra de Amy Gallo no SXSW 2023, o maior festival de inovação do mundo. (Amy é autora do livro Getting along: How to work with difficult people, ou “Como lidar com pessoas difíceis”, em tradução livre.) E a apresentação levantou importantes reflexões. “Por exemplo: nós também podemos ser ‘pessoas difíceis’ para alguém. Essa autoavaliação faz toda a diferença na forma como conduzimos nossos relacionamentos.”
“Amy destaca: ‘ser difícil’ é algo relativo. Excluindo casos de assédio e comportamentos tóxicos, nossas percepções cotidianas sobre os colegas de trabalho são parciais e enviesadas. Precisamos ponderar, então, se o que nos incomoda é algo que não está de acordo com nossos interesses, por exemplo, ou se é uma perspectiva com a qual não estamos acostumados.”
“Discordar, no entanto, não é necessariamente ruim”, afirma a executiva. “Perspectivas diferentes trazem novas contribuições e devem ser consideradas com integridade e respeito. Empresas são formadas por pessoas com opiniões e repertórios diferentes, que somente funcionam em sinergia quando a cultura organizacional reconhece essa pluralidade e mantém uma comunicação aberta entre os colaboradores.”
“Vale ressaltar que a cultura também está relacionada ao clima organizacional. Ter uma gestão que se preocupa com a qualidade de vida do seu público interno faz toda a diferença, ainda mais considerando que o Brasil é o segundo país com mais casos de burnout no mundo [de acordo com a International Stress Management Association].”
Você não precisa construir amizades no escritório, mas ter um bom relacionamento profissional já diminuirá suas chances de se sentir estressado no trabalho. Por isso, veja a seguir seis dicas da consultoria Bold HRO para se livrar dos problemas interpessoais no trabalho.
1. Desenvolva o autoconhecimento
Você também pode ser difícil para outra pessoa. Busque feedbacks honestos sobre como você se comporta no cotidiano e como impacta seus colegas. Identifique seus limites para conseguir antecipar provocações e evitar reações extremas, das quais pode se arrepender. Embarcar nesse processo de autoconhecimento significa desenvolver inteligência emocional, o que é fundamental para sua carreira.
2. Entenda o outro lado
Tente compreender a posição do seu colega. Questões pessoais ou situações de pressão no trabalho podem interferir no comportamento. Pratique a escuta ativa para evitar conflitos desnecessários e encontrar melhores formas de resolver as pendências – muitas vezes, isso exige deixar algumas opiniões de lado em um primeiro momento.
Caso a situação perdure, resta aceitar que você não pode controlar o comportamento dos outros – e que você não precisa levar as intrigas de trabalho para o pessoal.
3. Trabalhe com trocas
Não veja o colega como inimigo. Mesmo diante de desavenças, esteja disposto a conversar, alinhar as perspectivas e encontrar soluções para o trabalho em equipe. Tentar prejudicar os outros ou rejeitar conciliações podem prejudicar a produtividade e gerar ainda mais estresse.
4. Evite fofocas
A fofoca pode parecer uma maneira fácil de promover a interação entre os profissionais, mas é preciso se atentar para as razões de fazê-lo. É para alimentar o próprio ego? Atacar um colega? Há algum benefício nisso? Embora sejam aparentemente inofensivas, as fofocas podem construir um ambiente hostil que dificulta reconciliações e até mesmo o exercício do autoconhecimento.
5. Aperfeiçoe suas soft skills
Já dizia Peter Drucker: “As pessoas são contratadas pelas habilidades técnicas, mas são demitidas pelo seu comportamento”. Isso é ainda mais evidente no mercado de hoje, que prioriza soft skills e avalia como o profissional lida com seus colegas – e com as próprias emoções. Algumas das habilidades comportamentais mais valorizadas são empatia, comunicação, adaptação e liderança.
6. Embarque na jornada do autodesenvolvimento
Reconhecer o que precisa mudar nas relações de trabalho é um grande passo para não perder mais o sono por conta de “pessoas difíceis”. O comprometimento consigo mesmo é a chave para quem pretende embarcar nessa jornada de transformação em busca de melhores relacionamentos do trabalho — e na vida.