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Como a IA e o bem-estar psicológico se relacionam no ambiente de trabalho

68% dos executivos acreditam que a inteligência artificial pode melhorar a qualidade de vida no escritório. Mas há contrapartidas negativas para a saúde mental.

Por Antonio Muniz*, especialmente para a Você RH
Atualizado em 15 nov 2024, 18h33 - Publicado em 15 nov 2024, 18h06
Ilustração de um robô em posição de Yoga.
 (Namthip Muanthongthae/Getty Images)
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À medida que a inteligência artificial se incorpora cada vez mais em nosso cotidiano de trabalho, torna-se urgente refletir sobre o impacto que ela tem no bem-estar psicológico dos colaboradores.

Acredito que essa interação entre IA e saúde mental precisa ser cuidadosamente analisada, já que é um tema que não afeta apenas a produtividade, mas também a qualidade de vida das pessoas.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que depressão e ansiedade custam à economia global cerca de US$ 1 trilhão em produtividade perdida anualmente. Esse número alarmante mostra como as empresas ainda têm um longo caminho para incorporar estratégias de bem-estar que realmente façam a diferença. E isso se torna ainda mais importante quando a IA entra em cena.

A IA promete, sim, ajudar a melhorar o ambiente de trabalho, mas também traz riscos. Uma pesquisa da Deloitte revelou que 68% dos executivos acreditam que a IA pode melhorar a qualidade de vida no trabalho.

No entanto, 54% desses mesmos executivos alertam para o aumento do estresse e da sobrecarga de trabalho que podem surgir com a implementação dessa tecnologia. E isso não é uma surpresa; afinal, muitas vezes a IA é utilizada para otimizar processos, mas também para exigir um desempenho ainda mais rápido e eficiente dos trabalhadores.

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O impacto da saúde mental vai muito além do indivíduo: funcionários com problemas emocionais tendem a se ausentar mais, são menos produtivos e geram custos adicionais para as empresas.

No Brasil, onde temos a maior taxa de depressão na América Latina — são 11,7 milhões de brasileiros impactados, segundo a OMS —, esse é um problema social que inevitavelmente se reflete dentro das organizações.

Dados do Ministério da Previdência Social mostram um aumento de 38% nos afastamentos por motivos relacionados à saúde mental em 2023. Para mim, isso evidencia a urgência de repensarmos como estamos lidando com o trabalho e a tecnologia.

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IA também pode provocar insegurança emocional e financeira

A pergunta que muitos se fazem é: “A inteligência artificial está aqui para roubar empregos?”. A resposta é complexa. De fato, 37% das empresas que utilizam IA afirmam que substituíram trabalhadores com essa tecnologia, segundo o relatório da Resume Builder. E outros 44% indicam que a IA pode causar mais demissões nos próximos anos. Essa insegurança não é só financeira; é emocional. A sensação de ser substituído por uma máquina gera uma angústia que mina a autoestima e causa uma instabilidade psicológica que pode ter efeitos duradouros.

Por outro lado, a IA também abre portas. Segundo a McKinsey, a IA pode criar até 133 milhões de empregos até 2030, trazendo novas oportunidades. Habilidades humanas, como criatividade, empatia e ética, ganham relevância em um mundo cada vez mais automatizado.

O futuro é promissor, justamente porque a IA exige uma complementação com qualidades humanas únicas. A inteligência artificial não consegue fazer o que o líder humano realiza, integrando emoções, sentimentos e intuição.

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Eu compartilho dessa visão de que a IA e os humanos podem trabalhar em conjunto para um futuro mais equilibrado. Relatórios recentes do Fórum Econômico Mundial indicam que habilidades como resolução de problemas complexos, criatividade e inteligência emocional são essenciais. No entanto, também é nossa responsabilidade como sociedade garantir que essas qualidades não sejam apenas desejáveis, mas incentivadas e protegidas dentro das empresas.

Em meu livro Smart Skills, abordo a importância das habilidades individuais em um cenário onde a IA já está profundamente presente. Defendo que a IA não deve ser vista como um substituto, mas sim como uma aliada que potencializa o trabalho humano. Isso significa que não devemos nos deixar levar pelo medo de perder nossos empregos, mas sim buscar formas de usar a tecnologia como uma ferramenta de crescimento pessoal e profissional.

A integração entre IA e bem-estar psicológico ainda está em desenvolvimento, mas já vejo que as empresas que investem no apoio emocional e valorizam habilidades humanas se destacam. Estamos em um momento crítico para definir o equilíbrio entre tecnologia e saúde mental. Afinal, o avanço tecnológico pode ser a chave para um ambiente corporativo mais saudável, desde que saibamos usá-lo com inteligência e humanidade.

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*Antonio Muniz é CEO na Advisor, especialista em tecnologia e negócios.

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