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Diversificar o negócio é o segredo destas empresas para manter crescimento

Empresas buscam novos caminhos para diversificar os negócios e seguem crescendo apesar do ritmo econômico abaixo do esperado

Por Nataly Pugliesi, da VOCÊ S/A
Atualizado em 5 dez 2020, 20h48 - Publicado em 15 fev 2020, 10h00
Linha de produção da Pormade - Portas de Madeira, de União da Vitória-PR. (Marcelo Almeida/VOCÊ S/A)
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Esperava-se mais de 2019. No início do ano, quando o governo Bolsonaro assumiu, economistas projetavam uma melhora de 2,5% na economia brasileira. Segundo previsão mais recente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), no entanto, a taxa de crescimento do PIB deve ficar em 0,8%, bem abaixo da expectativa inicial.

“Este ano foi melhor do que o passado, mas pior do que esperávamos. As pessoas ficaram otimistas e até voltaram a consumir, mas de forma tímida. Tanto que ainda não é possível sentir o impacto”, diz Juliana Inhasz, professora de macroeconomia e coordenadora do curso de economia do Insper.

Os índices de desemprego também não arrefeceram. Dados recentes da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) apontam que há um contingente de 12,6 milhões de pessoas sem ocupação — 0,5% menos do que no primeiro semestre de 2018. Além disso, há 11,7 milhões de profissionais atuando sem carteira assinada na iniciativa privada, o maior número da série histórica, iniciada em 2012.

“Boa parte dos que deixaram o desemprego está na informalidade. Isso sugere que os quadros das empresas mudaram pouco neste ano”, diz André Fischer, coordenador dos cursos de pós-graduação em recursos humanos da Fundação Instituto de Administração (FIA) e cocriador da metodologia deste Guia. “Historicamente, para que haja movimentação positiva de pessoas, é preciso que o PIB cresça pelo menos 3%”, pontua o pesquisador.

Para os especialistas, o principal fator da atual pasmaceira foi a demora em emplacar reformas. A esperança era que a da Previdência, por exemplo, saísse do papel no primeiro semestre — mas ela só foi promulgada pelo Congresso em novembro.

Mesmo assim, os números deste Guia indicam leve melhora. Em 2018, 6% das companhias classificadas pretendiam demitir funcionários. Neste ano, esse índice caiu pela metade, para 3%. Houve mais boa vontade também nas contratações. Em 2019, 44% das companhias classificadas afirmaram que aumentariam o quadro de empregados — ante 40% em 2018.

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Outro sintoma é que as demissões atípicas diminuíram. Cerca de 9% das Melhores Empresas afirmaram ter enfrentado desligamentos desse tipo no ano passado, enquanto 6% viveram isso neste ano. Houve redução ainda no volume de aposentadorias incentivadas: 3% estimularam esses processos em 2019 ante 5% no período anterior.

“As companhias já enxugaram tudo o que tinham de enxugar nos últimos cinco anos”, diz André Fischer, da FIA. Agora começam a recrutar à medida que precisam de gente para tocar novos projetos e reforçar ­áreas estratégicas, como tecnologia, vendas e marketing.

A Michael Page, consultoria especializada em recrutamento executivo, experimentou um crescimento de 20% na procura por serviços de recrutamento. “Isso foi reflexo não só da necessidade de reposição de vagas nas organizações mas também das transformações que o mercado de trabalho está passando com o avanço digital.

As empresas têm se adaptado ao novo cenário e investido em tecnologia. Por essa razão, observamos uma procura por profissionais que tragam dinamismo aos negócios”, diz Ricardo Basaglia, diretor-geral da consultoria no país.

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Escritório da Meireles e Freitas, em Fortaleza: a previsão do setor de serviços diversos é contratar 13 810 profissionais | Foto: Marilia Camelo (VOCÊ S/A)

Hora da virada

Diante das dificuldades econômicas, nos últimos três anos, muitas das 150 Melhores tiveram de provocar uma virada estratégica. E agora começam a colher os frutos dessa guinada. Foi o que aconteceu com a Amêndoas do Brasil, empresa do setor alimentício que produz e comercializa castanhas de caju, com sede em Fortaleza (CE).

Antes, sua atuação era voltada para o atacado, fornecendo castanhas — inteiras, em pedaços, granuladas, em forma de farinha ou pasta — para lojas, confeitarias, panificadoras e produtoras de snacks. Para continuar crescendo, de 2015 para cá, passou a atuar no varejo, criando uma nova marca: a Tal da Castanha.

A linha, que conta com dez produtos, entre eles o leite vegetal de castanha, cresceu 24 vezes em vendas desde que foi criada. Isso gerou necessidade de mão de obra. Só neste ano a empresa (que possui 599 funcionários) contratou 120 novos empregados.

“Buscamos pessoas que saibam trabalhar em equipe, respeitem as diferenças individuais e aproveitem as oportunidades de desenvolvimento oferecidas por nossa companhia”, diz Sandra Oliveira, gerente de recursos humanos da Amêndoas do Brasil.

Quem também está contratando em razão da nova estratégia de negócio é a Pormade Portas. Sua principal tática era vender portas para construtoras de empreendimentos imobiliários. Com os lançamentos em marcha lenta, a fabricante precisou voltar seus produtos para o consumidor final, investindo em novos canais de venda, como lojas próprias, showrooms, televendas e site.

Hoje, o mercado B2C já representa 25% do faturamento da Pormade Portas. “Nossa tendência de crescimento é de 20% ao ano”, afirma Rafael Gregório Jaworski, diretor de RH. Isso lhe permitiu, mesmo com o cenário adverso do Brasil, manter o quadro de funcionários estável, com leve crescimento (de 3% em 2019).

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“Em momentos complexos, há duas opções: deixar a equipe se contaminar pelo clima de desânimo ou lutar por uma saída criativa. Optamos pela segunda alternativa. Treinamos nossa equipe e, juntos, melhoramos a qualidade de produtos e serviços.” Em 2020, a companhia estima um crescimento de 5% a 10% no quadro de funcionários, com previsão de contratações sobretudo nas áreas comercial e de tecnologia da informação.

Salários estagnados

Se por um lado as companhias aumentaram, ainda que timidamente, o número de contratações, por outro houve estabilização das promoções e estagnação de salários (veja quadro). André, da FIA, pontua que, quando a economia está estável, em geral 15% da população de uma companhia é promovida.

Se o país cresce, esse número sobe para 20%. As Melhores Empresas estão em linha com esse raciocínio. Como a economia não deslanchou, só 29% delas promoveram acima de 15% do quadro de funcionários. “As movimentações só acontecem quando há confiança. Se os negócios não estão fluindo, as promoções ficam lentas”, afirma André.

Além disso, o histórico deste Guia mostra que, quanto maior a taxa de desocupados no país, maior a satisfação do profissional. Isso ocorre porque o fantasma da demissão torna quem está empregado mais grato à oportunidade e menos propenso a pedir um aumento — o que reduz a progressão salarial.

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O que esperar

É importante ressaltar que a situação do país ainda é pouco clara. Não está certo, por exemplo, se o ministro da Economia, Paulo Guedes, vai emplacar a reforma tributária (a próxima da fila) tampouco como o Congresso reagirá ao conjunto radical de mudanças proposto pelo governo no dia 5 de novembro: o pacotaço batizado de Plano Mais Brasil.

Também não se sabe qual será o desempenho do Brasil diante de uma possível desaceleração da economia mundial — o Indicador de Incerteza da Economia, medido pela Fundação Getulio Vargas, subiu 2,7 pontos entre agosto e setembro deste ano, para 116,9 pontos, persistindo na zona de incerteza elevada, acima de 110 pontos.

Apesar das indefinições, a expectativa do mercado para 2020 é de sutil recuperação, com projeção oficial de crescimento do PIB de 2,32% e estabilização do juro real em cerca de 1% ao ano, o que estimula o consumo e a produção.

Por isso, na visão de analistas, as empresas que passarem bem por 2019 deverão respirar aliviadas no próximo ano. “Tendo a acreditar que 2020 será melhor do que 2019 porque começaremos o ano com a reforma da Previdência já aprovada, o que deve gerar mais dinamismo”, afirma Juliana, do Insper. Ricardo, da Michael Page, concorda com essa perspectiva. “O sentimento é de que a maior parte das companhias operou 2019 no limite, por ter sido um ano complexo. Portanto, a régua está baixa.”

Não à toa, os setores que tiveram uma atuação acima da média neste ano prometem um desempenho ainda melhor no próximo. As companhias que estão entre as 150 Melhores e compõem o setor de serviços diversos, por exemplo, pretendem contratar, juntas, mais de 14 000 profissionais.

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Um exemplo é a Meireles e Freitas, companhia de cobrança digital do Nordeste que teve um ano expressivo, aumentando 15% o quadro e 40% o faturamento. “Nós nos mantivemos focados no desenvolvimento e no reconhecimento das pessoas. De nada adiantará investir em tecnologia se nosso público interno não for o protagonista”, afirma Venâncio Freitas de Araújo, CEO da Meireles e Freitas. Para 2020, a empresa prevê abrir 120 vagas, a maioria para operador de cobranças.

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Fábrica da Suzano, em Limeira (SP): a companhia prevê contratação de 2 300 funcionários | Foto: Germano Lüders (VOCÊ S/A)

Cenário de transformação

Este ano foi marcado por fusões — a Suzano, por exemplo, comprou a Fibria, formando a maior indústria de papel e celulose do mundo — e por reestruturações em multinacionais. Nesses processos, os investimentos em clima são intensificados.

A Eli Lilly, farmacêutica que produz medicamentos como o Prozac, decidiu encerrar a produção no Brasil até 2021. Hoje, a unidade fabril emprega 100 funcionários. Para compensar o baque, houve implementação de política de home office uma vez por semana, liberação do dress code e criação do pet day, no qual os funcionários podem levar seu animal de estimação

Apesar do encerramento da produção, ela aumentou 12% o faturamento em 2019. “Prevemos crescimento de 50% para os próximos cinco anos”, diz Flavia Diniz Ferreira Quesada, diretora de RH da companhia americana.

Seja pela transformação digital pela qual passa a maioria das organizações, seja pela alta demanda de serviços e produtos, o segmento de tecnologia não enfrenta tempo ruim. As corporações desse setor preveem abrir 577 vagas.

O momento que vive o Instituto de Pesquisas Eldorado, laboratório de desenvolvimento e inovação, que fica dentro do polo universitário de Campinas (SP), ao lado da Unicamp, é prova disso. Depois de diversificar os segmentos de atuação — além de TI e telecom, passou a atuar com soluções para agronegócio, energia, óleo e gás e saúde —, o instituto cresceu 10% sua base de profissionais em 2019.

“Investimos em capacitação para antecipar tendências e desenvolver soluções perante novos desafios. Hoje, temos grupos de estudo trabalhando só com inteligência artificial”, diz Raquel Cremasco Takaki, gerente de RH do Instituto Eldorado.

Diversificar o negócio é o segredo destas empresas para manter crescimentoA expectativa da empresa é contratar cerca de 40 profissionais de tecnologia no ano que vem com expertise nas áreas de machine learning, IoT e processamento de imagens.

Outro setor de destaque é o de agronegócio — responsável por mais de 20% do PIB brasileiro. O bom momento tem a ver com o cenário externo. A Rússia e a Ásia, por exemplo, passaram por problemas sanitários, o que alavancou nossa exportação. Já a guerra comercial entre a China e os Estados Unidos também coloca o Brasil como fornecedor potencial de commodities para ambos os países.

Na Agro Amazônia, companhia que foi comprada por um grupo japonês quatro anos atrás, os negócios estão indo de vento em popa. Tanto que a rede de lojas, que comercializa um portfólio extenso de produtos agrícolas e pecuários, de insumos a maquinário, cresceu 10% em 2019. “Nas regiões em que atuamos, Centro-Oeste e Norte, os negócios avançam rapidamente, tanto na agricultura quanto na pecuária. E acompanhamos esse movimento”, diz Roberto Motta, CEO da Agro Amazônia.

De acordo com ele, a expectativa para o ano que vem é ainda melhor. A empresa, que conta com 30 filiais, prevê a abertura de lojas em Mato Grosso e a expansão da atuação para outros seis estados — Rondônia, Pará, Tocantins, Goiás, Mato Grosso do Sul e Maranhão.

Para dar conta do crescimento, a organização deverá contratar 30 profissionais nas áreas comercial e administrativa, entre gerentes, especialistas e analistas. “Ainda que haja obstáculos estruturais, o Brasil segue como uma das principais plataformas de investimento para agricultura e pecuária no mundo”, diz o CEO.

De maneira geral, as Melhores Empresas para Trabalhar estão confiantes na retomada da economia e preveem, juntas, a abertura de 41 986 vagas no ano que vem. E os profissionais devem aproveitar essa fase de poeira baixa para se preparar, buscando qualificação técnica e comportamental.

Quem quiser abocanhar uma dessas oportunidades precisará desenvolver as competências que estão em alta no mercado, como colaboração, visão estratégica, foco em inovação, resiliência e protagonismo — e fortalecer a rede de contatos. No momento em que as contratações deslancharem, o profissional que tiver feito isso terá um diferencial e tanto.

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