90% dos brasileiros que usam antecipação salarial são para despesas básicas
Benefício busca reduzir a dependência dos trabalhadores por crédito com juros altos, já que dois em cada dez comprometem 30% da renda mensal para pagar dívidas.
O número de brasileiros inadimplentes cresceu quase 10% nos últimos dois anos, alcançando quase a metade da população adulta, segundo pesquisa da consultoria McKinsey. O estudo mostra ainda que dois em cada dez consumidores comprometem mais de 30% da renda mensal apenas com o pagamento de dívidas.
Nesses casos, enquanto as classes mais altas recorrem ao financiamento para cobrir despesas como saúde, educação e viagens, a base da pirâmide, muitas vezes, acaba se endividando para suprir necessidades básicas como supermercado, contas de luz e água. Dos entrevistados, 80% disseram buscar informações antes de contratar crédito, e quase dois terços afirmaram tentar se planejar para honrar os compromissos, embora 60% já tenham precisado renegociar dívidas para limpar o nome.
Para evitar a cobrança de juros abusivos e reduzir a dependência de crédito tradicional, soluções alternativas como a antecipação salarial vêm ganhando espaço entre as empresas e funcionários que precisam de apoio urgente no planejamento financeiro.
“A antecipação de salário é uma forma de oferecer liquidez sem colocar o colaborador em contato com juros de 300% ao ano, como vemos em cartões e cheque especial”, explica João Henrique Innecco, cofundador da plataforma Ecx Pay, especializada em benefícios corporativos. “É uma solução imediata para emergências, sem transformar o problema em uma bola de neve”.
Proposta é evitar endividamento
Cerca de 90% dos colaboradores que solicitam o adiantamento salarial utilizam especialmente com alimentação e saúde – o tíquete médio para isso é de R$ 219, de acordo com um estudo feito pela Ecx Pay. “Esse comportamento mostra que o benefício é usado com responsabilidade, em situações de necessidade”, afirma o executivo. “E ao contrário do crédito tradicional, que muitas vezes empurra a pessoa para o endividamento, aqui a proposta é justamente evitar que ela chegue a esse ponto”.
Além de oferecer uma alternativa do ponto de vista financeiro, o auxílio pode impactar também na relação entre organizações e colaboradores. “Do lado da empresa, há melhora no fluxo de caixa, retenção de talentos e aumento na satisfação do time”, ressalta João Henrique. “Para quem recebe, é um sinal de confiança, autonomia e apoio real – e isso fortalece o vínculo”.







