Profissionais brasileiros são menos felizes do que a média global, mostra estudo
Engajamento também está um pouco aquém do registrado no mundo. Mas os resultados indicam que há uma "evolução consistente" nos níveis de bem-estar no trabalho.
A felicidade e o engajamento dos profissionais brasileiros estão respectivamente 6,3% e 5,1% abaixo das médias globais, segundo uma pesquisa da Pluxee em parceria com a plataforma britânica The Happiness Index.
A segunda edição do estudo ouviu 16 mil pessoas em todas as regiões do País e mostrou “evoluções consistentes” em relação aos resultados de 2024. Os entrevistados estão 4% mais felizes do que no último ano, por exemplo, e fatores como engajamento e cultura organizacional também apresentaram ligeira melhoria. Mas apenas 53% dos brasileiros recomendariam suas empresas como bons lugares para trabalhar.
Segundo a Pluxee, os pesquisadores usam uma metodologia que combina ciência de dados e neurociência para avaliar a experiência de trabalho dos entrevistados, investigando dimensões práticas, como as oportunidades de capacitação profissional, mas também dimensões emocionais, como segurança psicológica, relacionamentos, reconhecimento e propósito no trabalho.
Resultados por região e faixa etária
Os profissionais da região Norte são os mais felizes e engajados do Brasil, de acordo com o levantamento da Pluxee, enquanto a região Sudeste apresenta a pior pontuação nesse quesito. Os resultados sugerem, portanto, que regiões com menor concentração de grandes centros corporativos podem oferecer ambientes de trabalho mais equilibrados, enquanto áreas de alta competitividade e pressão apresentam mais desafios para o bem-estar.
A pesquisa também mostrou: quanto mais velho o colaborador, maiores os índices de felicidade e engajamento. Profissionais de 51 a 60 anos apresentaram pontuação 6,8% superior à de jovens de 19 a 30 anos, por exemplo. Esse grupo também relatou maior comprometimento e melhor equilíbrio entre vida profissional e pessoal.
Segurança psicológica e afins
Algumas dimensões ligadas ao bem-estar apresentaram avanços importantes, segundo os pesquisadores. O crescimento pessoal está 6,3% mais bem avaliado pelos entrevistados. O reconhecimento profissional teve uma melhora de 6,2%, enquanto a segurança e o propósito no trabalho cresceram 4,2% na edição atual do índice.
Os resultados indicariam que mais empresas estão investindo em vínculos genuínos no escritório, lideranças empáticas e/ou culturas coerentes, com mais alinhamento entre discurso e prática. Ainda assim, o fator “inspiração” segue 12% abaixo da média global. Ou seja: muitos brasileiros não se sentem realmente conectados às suas organizações.
Para Fabiana Galetol, diretora de Pessoas e Responsabilidade Social Corporativa da Pluxee, essa é uma lacuna importante. “Quando as pessoas se sentem valorizadas e conectadas, o trabalho deixa de ser apenas rotina e se transforma em fonte de energia e propósito.”
Para a executiva e outros especialistas responsáveis pelo estudo, empresas que tratam a saúde social como parte do negócio criam culturas de confiança, estimulam a autonomia dos profissionais e constroem ambientes onde eles realmente querem estar.
“As organizações que prosperam emocionalmente são aquelas que olham para o cuidado todos os dias, não apenas em [determinadas] datas do calendário”, defende Fabiana. “Felicidade não se resume a iniciativas pontuais: ela se constrói na escuta, no reconhecimento e na coerência entre valores e práticas.”
A especialista defende que o papel do RH é “apoiar líderes a transformar discursos em atitudes, cultivando reconhecimento genuíno, clareza sobre o futuro e espaço para crescimento”, o que também significa criar relações de confiança e oferecer segurança psicológica.







