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Comunicação não violenta: o segredo para um networking eficiente

No livro “Conecte-se”, Andréa Greco explica como julgamentos, cobranças e questionamentos incisivos podem minar seus relacionamentos. Confira um trecho.

Por Redação
Atualizado em 22 out 2024, 12h48 - Publicado em 22 out 2024, 12h47
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  • “Poucas pessoas são boas ouvintes.” Segundo Andréa Greco, psicóloga e profissional de RH, muitos profissionais perdem a oportunidade de ampliar sua rede de relacionamentos de trabalho por falhas de comunicação. Deixar de se concentrar no diálogo em um primeiro contato, por exemplo, é um pecado mortal.

    A pessoa deve praticar a escuta ativa e demonstrar isso, fazendo perguntas de interesse genuíno e até usando a linguagem corporal. (Balançar a cabeça concordando ou discordando de maneira branda do que seu interlocutor diz garante que você está prestando atenção.)

    “Falar é muito mais fácil do que ouvir, e nem sempre estamos dispostos a isso”, escreve Andréa. “Na correria do dia a dia, passamos boa parte do nosso tempo na agitação, sem escutar o que o outro tem a nos dizer. Precisamos parar para respirar, nos encontrar com amigos, colegas de trabalho e ser bons ouvintes.”

    Mas no networking, pior que a falta de interesse na conversa é a comunicação violenta. Gente que atropela o diálogo, que impõe sua opinião sem analisar a do outro, que faz gestos de impaciência, cobra e julga alguém sem nem conhecê-lo direito.

    E ela deixa claro: ser polido na comunicação não tem nada a ver com ser bonzinho ou submisso. É simplesmente uma questão de acertar na sequência de palavras para que elas acolham em vez de ferir ou afastar alguém que pode ser importante em algum momento da sua trajetória profissional.

    Em seu novo livro Conecte-se: Construa relacionamentos que vão gerar negócios, parcerias e manter sua rede aquecida, ela apresenta um verdadeiro guia, cheio de exemplos práticos, de como falar e escutar de maneira a agradar a pessoa que está à sua frente – um potencial contato que no futuro, quiçá, pode ser seu novo gestor, funcionário ou ponte para alavancar sua carreira. Confira um trecho abaixo.

    Capítulo 5: comunicação não violenta

    Marshall Rosenberg (1934-2015),psicólogo norte-americano que sofreu bullying durante a infância, criou a metodologia para aprimorar os relacionamentos interpessoais e diminuir a violência no mundo. Em 1984, fundou uma organização sem fins lucrativos, chamada Centro para a Comunicação Não Violenta.

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    Em 1961, ele se tornou PhD em psicologia clínica pela Universidade de Wisconsin, nos Estados Unidos. De acordo com o autor, a Comunicação Não Violenta (CNV) se respalda em habilidades de linguagem e comunicação que fortalecem a capacidade de continuarmos humanos, mesmo em situações divergentes.

    Com o objetivo de possibilitar nossa escuta em demasia, tanto conosco quanto com outros, a CNV proporcionará respeito, empatia, atenção e compaixão.

    “Não pense que o que diz é empatia. Assim que pensa que o que diz é empatia, estamos distantes do objetivo. Empatia é onde conectamos nossa atenção, nossa consciência, não o que falamos.” (Marshall Rosemberg)

    A comunicação não violenta compreende as habilidades de falar e ouvir, não agredindo de forma direta ou indireta. Ela tem o objetivo de trazer o que há de mais genuíno nas pessoas: emoções, valores e a capacidade de se expressarem com honestidade, ajudando os outros com real empatia, assim como o networking deve ser feito: de maneira sincera, “sem pisar”, machucar, rotular e usar as pessoas.

    Estes são alguns exemplos do que não aplicar no dia a dia: julgamentos, o próprio bullying, se comportar na defensiva, colocar a culpa no outro, discriminação, criticar e não escutar, linguagem de coerção, ameaças e chantagens fazem com que as pessoas expressem cada vez mais a violência em forma de palavras.

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    Segundo o psicólogo, comunicar-se de forma positiva significa se atentar para estes quatro aspectos: 

    Consciência: conjunto de princípios para uma vida com mais compaixão, colaboração, coragem e autenticidade.

    Linguagem: entender como as palavras contribuem para conectar ou distanciar.

    Comunicação: saber como pedir o que queremos, como ouvir os outros, mesmo quando há discordância, e como encontrar soluções boas para todos.

    Meios de influência: dividir o poder com os outros em vez de utilizar o poder sobre os outros.

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    A comunicação é de extrema importância para qualquer relacionamento, tanto pessoal quanto profissional, para mostrar o seu ponto de vista e suas ideias com clareza, e não um desencontro de informações. 

    Uma pesquisa realizada pela Harvard Business Review mostrou que 91% dos colaboradores afirmaram que problemas na comunicação podem prejudicar os executivos, e que, para 57% dos profissionais, a falta de clareza é um dos principais problemas das lideranças. Para que isso não aconteça, precisamos aplicar algumas competências emocionais básicas, como o diálogo, a empatia e a autoliderança. 

    […] Para que não haja uma liderança autoritária com uma comunicação violenta, é preciso ter escuta ativa, autoconhecimento e vínculos com a equipe. O convívio diário com seus colaboradores é primordial para a criação de conexões entre eles e a liderança. Ela tem de estar disponível e favorável ao diálogo para que os colaboradores se sintam à vontade para dar feedbacks e trocar ideias.

    Sendo assim, os gestores estão preparados para disseminar suas orientações às equipes, defendendo suas ideias a todos os líderes de forma mais humana e assertiva, melhorando a comunicação interna entre eles e outros departamentos, evitando conflitos interpessoais, aumentando a motivação, gerando mais engajamento dos colaboradores e, por consequência, trazendo mais produtividade à empresa.

    Segundo o instituto norte-americano Gallup, empresas em que os índices de comprometimento são mais altos chegam a ser 22% mais lucrativas e a ter 37% menos absenteísmo que as demais. 

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    A comunicação não violenta não é sinônimo de passividade, de “engolir sapo”. Tem como objetivo expressar o que estamos sentindo e sermos honestos com nós mesmos. Ela vai fazê-lo repensar a forma como duas pessoas podem se ajudar mutuamente. 

    Comunicar-se de forma não violenta é um processo, requer um tempo, prática, podemos aplicá-la quando estamos em um evento, palestra, congresso. O networking irá lhe dar inúmeros tipos de conversas, e como resultado tudo o que aprendemos no momento em que nos permitimos ouvir, trocar conteúdos e experiências será muito mais significante.

    Comunicação não violenta não é falar de forma delicada

    A CNV não quer dizer que você vai falar baixinho, de forma branda. Você não pratica CNV só para parar de falar palavrão, mas vai aprender a não julgar, rotular as pessoas, desde seu aspecto físico até os valores e princípios. 

    Evite esses hábitos de comunicação violenta de acordo com o livro Comunicação Não Violenta, de Marshall Rosenberg:

    Comparações são uma forma de julgamento

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    Quando julgamos, é bem difícil que a pessoa nos escute. Comparações com outros é a pior coisa, pois não há ninguém perfeito. Transferir a culpa é renegar nosso compromisso perante a sociedade, é negar a responsabilidade.

    Classificar e julgar as pessoas estimula a violência

    É bullying você rotular pessoas: “Aquele que é o que lambe o chão do chefe”, “Ela é uma incapaz, cadeirante”… essas palavras soam com um tom violento, agressivo. 

    Formular pedidos em uma linguagem clara, positiva e de ações concretas revela o que realmente queremos

    Vimos neste capítulo que a nossa comunicação é muito importante, que precisamos passar a mensagem de uma forma clara e objetiva. Tenha isso como objetivo de vida, melhore sua comunicação

    As duas partes da CNV: expressar-se com honestidade. Receber com empatia

    Quando você transmite ao seu ouvinte a mensagem de forma clara e objetiva, o receptor a receberá de maneira empática. Tudo é o jeito de falar com as pessoas. 

    Pergunte antes de oferecer conselhos ou estímulos

    Às vezes, o seu amigo está passando por um momento muito dolorido na vida e precisa de um ombro. Pergunte se ele está precisando de algo, esteja à disposição para qualquer ajuda. Isso também se aplica no networking: ajudar o outro.

    Evite dizer “Eu deveria”

    Já ouviu falar na frase “O feito é melhor que o perfeito?”. Pense no que você tem como objetivo, busque, construa isso, não fique pensando: “Será que eu deveria fazer isso? Será que vai dar certo?” Elabore um plano de ação e vá à luta. 

    O julgamento dos outros contribui para criar profecias que acarretam a própria concretização

    Minha mãe já dizia: “Filha, não alimente pensamentos negativos, que isso atrai”. Ela está certa, o poder das palavras tem muita importância em nossas vidas se quisermos prosperar profissionalmente e também no campo pessoal. 

    […] Exemplos de comunicação não violenta

    A seguir, algumas expressões para que você entenda melhor e na prática como podemos ser mais assertivos na comunicação. 

    “Você gostaria se eu fizesse aquilo?” 

    É um jeito de oferecer ajuda para abordar uma necessidade.

    “Quando você fez isso, me senti… pois precisava de…”

    Um desabafo.

    Vejo que… Estou me sentindo… por precisar de… Você gostaria de…?”. “Vejo que… Você está se sentindo… por precisar de…?”, seguido de “Resolveríamos sua necessidade se eu…?” Uma demonstração de sentimentos e pedidos. 

    Evite!

    Você me fez sentir…, Me sinto… por você ter feito…,Você está me deixando nervosa.

    Responsabilidade no outro.

    Eu fiz seu trabalho naquele dia e agora você não quer fazer o meu. Não peça mais nada para mim!

    Você chegou atrasado, isso é muito desrespeitoso!

    Bati nele porque ele me provocou.

    Como sempre, você não desligou a luz na sala de reuniões.

    Ah, essa pessoa quer me derrubar.

    Não tinha como fazer diferente, meu chefe me obrigou.

    Poxa, você não tá nem aí.

    Eu sou o funcionário mais antigo da empresa e eu sei o que é melhor para os meus colaboradores.

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    Este texto é parte da edição 94 da Você RH (outubro e novembro). Clique aqui para conferir os outros conteúdos da edição impressa.

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