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Entrevista: Rodrigo Araujo, CEO da Korn Ferry Brasil

Há 28 anos na empresa de consultoria, o atual presidente quer causar impactos não apenas para seus clientes, mas para os ecossistemas em que eles atuam.

Por Alexandre Carvalho
Atualizado em 11 jun 2024, 09h38 - Publicado em 29 Maio 2024, 15h57
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 (Celso Doni/VOCÊ RH)
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Desde dezembro do ano passado, a Korn Ferry Brasil tem um novo CEO. Mas ele mesmo não é novo nessa consultoria que atua, principalmente – mas não só –, em estratégia organizacional, recrutamento e desenvolvimento executivo. Rodrigo Araujo tem um caminho de 28 anos na empresa, com experiência em diversas posições de gestão. Trajetória que o ajudou a desenvolver as habilidades e abordagens que o levaram à atual cadeira. 

Antes, liderou as operações da Korn Ferry na Argentina a partir de 2016, e, em outubro de 2019, retornou ao Brasil para gerenciar a operação de recrutamento executivo no país, além de assumir um papel de liderança no marketing e na comunicação institucional para a América do Sul.

Após ver e participar da evolução da consultoria – de um negócio de um único serviço para uma empresa de múltiplas soluções –, Rodrigo agora quer impulsionar a Korn Ferry para influenciar e marcar presença nos mercados em que atua. Essa é uma estratégia, segundo ele, para que a empresa tenha sua visibilidade cada vez mais notada, já que seu trabalho provoca transformações essenciais, mas muitas vezes sutis, nas grandes companhias. 

Um desafio e tanto. Mas que conta com a experiência de quem conhece intimamente os degraus para chegar aos resultados e ao aumento de performance. Aprendizado que o executivo acumulou ao longo de três décadas na mesma consultoria – e que ele revela aqui, nesta entrevista. 

Você já tem uma trajetória de muitos anos dentro da Korn Ferry. Como foi essa estrada até o topo?

Tem sido uma jornada extremamente recompensadora. Primeiro porque, nesta consultoria, encontrei aderência com o que eu realmente me identifico. E também um ambiente que me permite desenvolver capacidades. Naturalmente, no início eu estava mais focado em tarefas, projetos e clientes. À medida que você vai incorporando novas responsabilidades, acaba impactando mais as pessoas e a organização. Todo esse período me deu a oportunidade de acompanhar de perto a evolução da própria Korn Ferry. Não estou há tanto tempo aqui à toa. Conforme a organização se transformou, foi dando espaços novos para que nós pudéssemos nos desenvolver. 

Como viu essa transformação da empresa?

Quando eu entrei, a consultoria era basicamente monoproduto, só fazia procura de executivos. Fazia muito bem, obrigado, mas não tinha essa amplitude de soluções, mercados, geografias e contas tão bem definidas como acontece hoje. Nessas três décadas, vivi muitas facetas da empresa, assim como me transformei. E acho que o mais importante para mantermos essa identificação, eu e a Korn Ferry, são as pessoas daqui. E nem estou falando só do time Brasil, mas do global também. Consultoria tem muito disso. Você acaba ampliando a sua rede interna e aprende demais no processo. 

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Qual foi sua impressão sobre a Korn Ferry quando chegou?

Estamos falando de março de 1996, uma época em que havia empresas gigantes de consultoria, os programas de trainees das multinacionais, e te confesso que a nossa não tinha essa sofisticação toda. Mas, justamente um ano antes da minha chegada, um grupo de colegas que estava aqui viu essa oportunidade de crescimento. Num tempo em que você não encontrava nada no campo acadêmico a respeito de recrutamento, a Korn Ferry assumiu uma vocação de escola para a formação de profissionais da nossa indústria. Eu vivi esse embrião, sou fruto da segunda turma de trainees. E esse novo direcionamento representou um avanço muito grande para a empresa, tanto financeiramente quanto de relevância no mercado. 

O que você destaca daquele seu começo?

Aqui conheci mais o processo e entendi, profundamente, que seleção é diferente de recrutamento. Aprendi, colocando a mão na massa, como desenvolver essa capacidade de selecionar e extrair os melhores profissionais do mercado. Já no ano seguinte à minha chegada, a empresa deu o passo seguinte, que foi atuar também fora do contexto de recrutamento executivo, passando para soluções de desenvolvimento de lideranças e voltadas para o eixo da organização como um todo. 

Hoje a Korn Ferry é uma consultoria de atuação múltipla. Quando lhe perguntam o que sua empresa faz, qual é a resposta? 

No passado, essa resposta seria diferente. Mas agora, por todas as soluções que conseguimos pavimentar, e o impacto que elas têm nos nossos clientes, costumo dizer que nós, de fato, atuamos para transformar as organizações que nos procuram e a vida de quem trabalha nelas. 

Quais as principais razões para que as empresas busquem os serviços da Korn Ferry? 

Quando nossos clientes nos acionam, claramente estão enfrentando alguns desafios na sua agenda de crescimento ou para realizar as transformações necessárias. Ajudamos de diversas maneiras, seja para que atinjam um determinado resultado, seja para ampliar as suas operações ou aprimorar sua performance. Para uma consultoria como a nossa, é fundamental que o cliente perceba essas mudanças com bastante clareza. Então temos a consciência de que o nosso papel vai além da conclusão de um estudo sobre remuneração executiva, de um trabalho de coaching de líderes emergentes ou até mesmo da entrega de uma pesquisa de engajamento. É compreender e fazer com que vejam a nossa atuação tendo impacto nessas empresas.

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E qual será o próximo passo da consultoria?

Será interferir no ambiente onde estamos inseridos. Passa por aqui grande parte do PIB nacional. Estamos muito associados a companhias gigantes, que determinam tendências nos seus segmentos. E isso faz com que entreguemos algo que é menos tangível para o mercado, por mais que a gente dê sustentabilidade para que nossos clientes tenham sucesso em suas questões. Então eu vejo como próximo passo, além de transformar as organizações que atendemos, fazer com que o contexto no qual elas estão inseridas também seja impactado e transformado pelas nossas ações. 

Você ocupou diversos cargos de gestão antes de chegar à cadeira de líder máximo no Brasil. O que trouxe de aprendizado para a posição de CEO?

Acho que cada experiência como gestor foi ajudando a sedimentar um tijolinho dessa construção que é quem eu sou hoje. Fazendo uma retrospectiva, eu destacaria uma curiosidade, coragem até, para fazer alguns movimentos que não eram triviais, ocupando espaços que não eram óbvios para outras pessoas. E isso tem a ver com o fato que já comentei, de a Korn Ferry dar estímulo para que você possa ousar. Outro aprendizado importante foi o de lidar com percalços e suas frustrações. Algo que me ajudou a consolidar a musculatura necessária para o cargo de CEO.

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Este texto faz parte da edição 92 (junho/julho) da Você RH. Clique aqui e confira os outros conteúdos da revista impressa.

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